Dependência de internet:Saiba se é viciado em internet


saiba se você é um dependente de internet

Dependência de internet: Saiba se você é viciado em internet

Desenvolvemos este artigo com a finalidade de lhe ajudar a compreender o que é a dependência da internet e, por fim, ensinar a prática de uma autoanálise para que se consiga reconhecer se a sua utilização da internet é benéfica, ou seja, faz bem para o seu
bem-estar, ou se o seu quadro se enquadra naquilo que os psiquiatras vêm considerando como dependência de internet.

Para a maioria das pessoas, a internet representa uma incrível ferramenta de informação e uma inquestionável oportunidade de conexão social, autoeducação, melhora  econômica e superação da timidez e de inibições paralisantes. Para essas pessoas, a internet aumenta o bem‑estar e melhora a qualidade de vida. Para outras, no entanto, ela pode levar a um estado que parece satisfazer os critérios da definição do DSM (dicionário de saúde mental) de um transtorno mental descrito em 2000 pela American Psychiatric Association como “uma síndrome comportamental ou psicológica
clinicamente significativa, associada à presença de angústia ou a um risco significativamente maior de morte, sofrimento, incapacidade ou perda importante de liberdade”.

O que é dependência de internet?

As dependências são definidas como a compulsão habitual a realizar certas atividades ou utilizar alguma substância, apesar das consequências devastadoras sobre o bem‑estar físico, social, espiritual, mental e financeiro do indivíduo. Em vez de lidar com os
obstáculos da vida, administrar o estresse do cotidiano e/ou enfrentar traumas passados ou presentes, o dependente responde de forma desadaptativa, recorrendo a um mecanismo de pseudomanejo. Tipicamente, a dependência apresenta características psicológicas e físicas. A dependência física ocorre quando o corpo da pessoa se torna dependente de certa substância e experiencia sintomas de abstinência quando o
consumo é descontinuado, como acontece com drogas ou álcool. Embora a substância adictiva inicialmente induza prazer, seu consumo continuado é mais instigado pela necessidade de eliminar a ansiedade provocada por sua ausência, o que leva a pessoa ao
comportamento compulsivo.

A dependência psicológica se torna evidente quando a pessoa experiencia sintomas de abstinência como depressão, fissura, insônia e irritabilidade. Tanto a dependência comportamental quanto a dependência de substâncias geralmente originam dependência psicológica. A seguir, apresentamos vários modelos propostos para explicar a dependência de internet relacionada à dependência psicológica. Como uma dependência comportamental, o foco nos problemas psicológicos que aumentam o consumo de
internet facilita o entendimento clínico de por que as pessoas usam exageradamente.

Estudos psicológicos sobre a dependência de internet

O primeiro estudo sobre dependência de internet foi realizado em 1996 pela Dra. Kimberly Young, quando apresentou seus achados sobre 600 sujeitos que satisfaziam uma versão modificada dos critérios do DSM para o jogo de azar patológico. O artigo,
“Internet Addiction: The Emergence of a New Disorder”, foi apresentado na conferência anual da Associação Psicológica Americana realizada em Toronto. Embora no início provocasse controvérsias, com os acadêmicos debatendo a existência do
problema, desde então as pesquisas empíricas sobre dependência de internet aumentaram substancialmente.

As primeiras pesquisas procuraram definir a dependência de internet e examinaram padrões de comportamento que diferenciavam o uso compulsivo de internet do uso normal. Estudos mais recentes exploraram a prevalência dessa dependência e
investigaram os fatores etiológicos ou as causas associadas ao transtorno. Muitos deles examinaram o impacto da comunicação via computador na maneira pela qual as pessoas se adaptam às características interativas de internet, e estudos iniciais dos Estados Unidos se disseminaram para o Reino Unido e países como Rússia, China e Taiwan. O problema se alastra a olhos vistos, mas pouco ainda se compreende sobre as razões pelas quais as pessoas se tornam dependentes de internet.

Outros estudos investigaram a prevalência do uso adictivo de internet. Em um dos primeiros estudos, Greenfield (1999), em parceria com a ABCNews.com, fez um levantamento com uma grande amostra. A partir de 17.000 respostas, o estudo calculou
que 6% dos usuários de internet se encaixavam no perfil de dependência de internet
.
Apesar de o estudo se basear em dados de autorrelato, ele incluiu uma população seccional cruzada e foi considerado um dos maiores levantamentos psicológicos realizados exclusivamente na internet. Outro estudo americano bem conhecido deste campo de estudo, realizado por uma equipe de pesquisadores do Stanford University
Medical Center, descobriu que um em cada oito americanos apresentava um ou mais sinais de dependência de internet.

Estudos em populações de universitários revelaram índices de prevalência levemente mais elevados que os encontrados na população geral de usuários de internet. Na
Universidade do Texas, utilizando várias versões de critérios do DSM, Scherer (1997) descobriu que 13% dos alunos do campus examinados exibiam sinais de dependência de internet. Morahan‑Martin e Schumacher (1999) descobriram que 14% dos alunos do Bryant College, Rhode Island, satisfaziam os critérios, e Yang (2001) estimou que 10% dos alunos satisfaziam os critérios na Universidade de Taiwan. As conclusões sugerem que os universitários tinham um acesso mais fácil à internet e esse acesso era mais estimulado, contribuindo para a prevalência mais elevada de uso adictivo nos campi.

O I‑Cube, um estudo realizado pela Internet & Mobile Association of India, incluindo 65.000 indivíduos em um levantamento doméstico em 26 cidades da Índia, revela que cerca de 38% dos usuários de internet no país mostraram sinais de uso pesado
(aproximadamente 8,2 horas por semana). Homens jovens, especialmente universitários, constituem a maior porção de usuários.
 
Faça o teste e descubra se você é viciado em internet

O questionário a seguir foi elaborado pela psicoterapeuta Kimberly S. Young em seu livro “Dependência de internet: Manual e Guia de Avaliação e Tratamento”. Responda as perguntas abaixo com sinceridade:

1. Você se preocupa com a internet (pensa sobre atividades virtuais anteriores ou fica antecipando quando ocorrerá a próxima conexão, ou sobre o que está acontecendo na
internet agora)?

2. Você sente necessidade de usar a internet por períodos de tempo cada vez maiores para se sentir satisfeito?

3. Você já se esforçou repetidas vezes para controlar, diminuir ou parar de usar a internet, mas fracassou?

4. Você fica inquieto, mal‑humorado, deprimido ou irritável quando tenta diminuir ou parar de usar a internet, ou ainda quando é impedido de utilizá-la?

5. Você fica online mais tempo do que pretendia originalmente?

6. Você já prejudicou ou correu o risco de perder um relacionamento significativo, emprego ou oportunidade educacional ou profissional por causa de internet?

7. Você já mentiu para familiares, terapeutas ou outras pessoas para esconder a extensão do seu envolvimento com a internet?

8. Você usa a internet como uma maneira de fugir de problemas ou de aliviar um humor disfórico (por exemplo, sentimentos de impotência, culpa, ansiedade, depressão)?

As respostas avaliavam o uso não essencial do computador/internet, tal como o uso não relacionado ao trabalho ou estudo. Os sujeitos eram considerados dependentes quando respondiam sim a cinco ou mais das perguntas ao longo de um período de seis meses.

Características associadas também incluíam o uso habitual excessivo da internet, negligência de obrigações rotineiras 
ou responsabilidades de vida, isolamento social, manter em 
segredo atividades virtuais ou uma súbita exigência de privacidade quando online. Embora o questionário forneça um meio de conceitualizar o uso patológico ou adictivo de internet, esses sinais de alerta muitas vezes podem ser mascarados por normas culturais que incentivam e reforçam o uso virtual. Mesmo que o cliente satisfaça todos os critérios, os sinais de abuso podem ser racionalizados (por exemplo, “Eu preciso disso para o meu trabalho” ou “É só uma máquina”) quando na realidade a
internet está causando problemas significativos na vida do usuário.

Dependência de internet: Saiba se você é viciado em internet

Apesar de ser um meio de comunicação que mudou a nossa maneira de viver de modo tão radical e irreversível, os efeitos da internet sobre a nossa saúde psicológica ainda não foram suficientemente estudados, e são mais comentados por jornalistas
sensacionalistas do que por terapeutas ou pesquisadores especializados. Enquanto o nosso entendimento da psicologia básica de internet continua atrasado, os sintomas já
estão mudando conforme a tecnologia evolui – de browsers tradicionais para smartphones e tablets, por exemplo.

Os dependentes empregam várias racionalizações para minimizar o impacto da internet em sua vida, tais como “Só mais uma vez não fará mal”; “Não é possível eu ficar dependente de um computador”; “É melhor ser dependente de internet que de drogas ou bebida” ou “Não estou tão mal quanto outras pessoas”. Essas racionalizações alimentam o comportamento de dependência. A pessoa dependente racionalizará que passar 8, 10 ou 15 horas por dia conectado é normal. Ela faz julgamentos distorcidos e se compara com pessoas conhecidas que estão pior que ela – “Não estou tão mal quanto fulano ou beltrano”. Ela racionaliza que seu comportamento de se conectar não é um problema e ignora as consequências criadas por essa atitude. Contudo, a internet é sim uma ferramenta de comunicação necessária para o desenvolvimento cognitivo, comportamental e emocional dos jovens atualmente, no entanto, a sua utilização não deve, sob hipótese alguma, gerar qualquer tipo de sofrimento às pessoas, sendo que, se isso ocorrer, pode estar se iniciando um caso
clínico de dependência de internet, que é tão grave quanto à dependência de qualquer substância ou comportamento.

Texto : Oronian Mendes

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